quarta-feira, 12 de outubro de 2011

É uma tragédia "à" portuguesa, concerteza...

Olhando à minha volta, nos poucos momentos em que, exasperado, olho e escuto os nossos canais de televisão na vã expectativa de algo que valha a pena, vejo um deserto que nem um "Mário Lino" teve a perspicácia de prever. De quando em quando, alguém diz algo que faz sentido, mas... Por exemplo, ainda ontem na TVI ouviu-se o marido da Bárbara Guimarães (nunca me recordo o nome) tocar no ponto fulcral, a da grande negociata histórica da Banca, que, de uma vez por todas, merecia ficar nos Anais da História (e a própria História que se encontra em suspenso...poderá um dia continuar ou ser terminada?) por tanta vileza ser capaz.
Terramoto de Lisboa, este uma tragédia natural. Image credit: http://resobscura.blogspot.com/
Neste deserto moral e espiritual que é o Portugal hodierno, não há movimentos organizados (pacíficos, claros, enquanto a fome não dominar...), não há filósofos iluminados (talvez o José Gil, cujas ideias dizem ter tido impacto em França e nasceu em Muecate, e só por isso respeito), nem políticos verdadeiramente dedicados à causa pública (há quem diga que o Mário Soares foi um deles, mas se levarmos a sério aquilo que se escreveu sobre ele por pessoas que o conheceram sobejamente e se nos determos no que assistimos ao longo das nossas vida...), nem escritores (o Eça não parava de dizer mal da pátria, e com razão; o Fernando Pessoa escreveu um texto sobre o caso mental português mas em vão, o português não tem mesmo juízo; e o Saramago zarpou para o Lanzarote enquanto foi tempo e com isso ganhou o Nobel); nem cientistas autênticos e originais (os que são publicitados pelo Regime, a maioria fez algum trabalho notório, de facto, trabalhando diligentemente mas sob a direção de algum cientista estrangeiro, e depois quando voltam à pátria é notório ao fim de um dado tempo que afinal nada têm na cabeça),...Enfim, poderia continuar a lista, cada um de nós poderia juntar um parágrafo, um livro negro sobre o portugal hodierno. Esquecendo a fase brilhante de Portugal desde o Infante D. Henrique até ao tempo de Colombo, porventura tivemos depois um Van Gogh, um Galois, um Einstein, um Spinoza (fugiram de Portugal e duvido que ele tivesse tido aqui condições para pensar tão alto)?...E não é por Portugal ser pequeno, a Hungria que tem a nossa dimensão teve 18 Prémios Nobeis!!!

Quem me leu até aqui peço encarecidamente que me perdoe, que os meus filhos e meus pais me perdoem, mas a verdade nua e crua é esta:
ESTE PAÍS ESMAGA OS TALENTOS QUE TEM, MATA A CRIATIVIDADE DOS SEUS CIDADÃOS, ESFOLA O DINHEIRO DE QUEM TRABALHA, INCAPACITA OS SEUS CIDADÃOS A PENSAR E ANDAR NESTE MUNDO COM NOBREZA E AUTO-ESTIMA...E A CLASSE VIL QUE TRABALHA PARA DELAPIDAR TODOS OS VALORES DESTA NAÇÃO SAIEM IMPUNES DOS SEUS ACTOS CRIMINOSOS.
Agora apenas temos as directivas da Troica, nem economistas de jeito temos que tivessem tido a capacidade de prever a tragédia económica e social que vivemos. O que se desenha actualmente (e pouco me importa o que se passa na Grécia, pois discutimos aqui o nosso futuro) é semelhante à obsessão dos nossos empreiteiros iletrados cujo idela de modernidade consiste em abater as árvores e ocultar tudo o que lembra a natureza, para construir tudo à volta com betão.

Alguém me sabe dizer se algum dia esta situação trágica se inverterá? Se há ou haverá num futuro próximo espíritos criativos e livres neste Portugal que consigam mudar o curso da "história"? Ou será que esta é uma tragédia "à" portuguesa, concerteza?... AZ

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