sábado, 5 de novembro de 2011

A "Ferme Générale" no Antigo Regime em França...

An epoch so conscious of itself as the present is impossible of comprenhsion without creative, antecipating, warning, leading criticism - Oswald Spengler, in Hours of Decision.
Se achas que és demasiado insignificante para fazer a diferença, é porque nunca passaste uma noite com um mosquito. - provérbio africano. 
A chamada "Ferme Générale" foi uma companhia de financeiros constituída em 1726 para cobrança de impostos directos (na altura em França o equivalente ao nosso IRS era chamado de Taille, um imposto injusto que recaía sobre os mais indefesos, estando os mais ricos livres de o pagar...), e os impostos indirectos, como o era o imposto sobre o sal.

O salário era...pago com sal.


O sal naquela altura tinha um papel de relevo na sociedade, pois permitia a manutenção dos alimentos secando o peixe e a carne, servindo de alimento para o gado, e era objeto de monopólio real, dele derivando a palavra salário.

Interior de um celeiro de sal. A corporação da Ferme Générale
cobrava o imposto sobre o sal, em Francês, a "gabelle".
Crédito da imagem: http://www.douane.gouv.fr/page.asp?id=164
O papel desempenhado na altura pela Ferme Générale é equivalente ao que é hoje efetuado pelas instituições privadas a quem o Estado delega essas missões. Na época do Antigo Regime, esta Ferme Générale foi criada quando a monarquia vivia com problemas financeiros crónicos... Para o rei, este organismo apresentava a vantagem de trazer para o seu cofre receitas regulares, sem que ele, o rei, tivesse que se preocupar com a recolha dos impostos. Dava muito aborrecimento!...

Um grande número de homens das finanças de Ferme Générale
foram guilhotinados na Revolução Francesa...

Compreende-se que uma turba de financeiros de origem duvidosa se apropriasse dos direitos que a "ferme" lhes dava, enriquecendo muito rapidamente com fabulosas fortunas. Porém, em finais de do sec. XVIII, a Ferme Générale é o símbolo de uma sociedade desigual, perversa política e socialmente. E, por este motivo, compreende-se que a "Ferme Générale" tenha sido um dos alvos preferenciais da Revolução Francesa. Dos seus fabulosamente ricos tiranos, 28 foram guilhotinados, um deles foi o célebre químico e homem político Antoine Laurent de Lavoisier.

O grande químico Lavoisier também trabalhou para a Ferme Générale. Crédito imagem:

Este grande homem de ciência defendeu-se das acusações severas de corrupção alegando que a sua associação à Ferme Générale era com o propósito de arranjar financiamento para as suas pesquisas. A análise desta instituição finaceira mostra perfeitamente que a raiz dos problemas atuais es´ta longe do séc. XXI e que a compreensão do seu funcionamento e conluio com o poder e a desgraça que trouxe e traz à sociedade, representa o dramático retrocesso civilizacional a que todos nós hoje assistimos.

É perfeitamente claro o que poderemos esperar no futuro, hoje, dia em que a chanceller Angela Merkel avisou que a crise está aí para durar mais uns dez anos, no mínimo. O que ela quis na verdade dizer é que esta crise, é o sistema político pérfido que os "políticos" atuais, sicários da Banca e grandes corporações, nos querem de vez impôr!

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