Na verdade a nova classe de gestores ou os seus paladinos, faltando-lhes o sentido da realidade, estando neles ausente qualquer sentido de profundidade, deveriam ler e compreender o que foi escrito ao longo dos milénios. Lao Tse (que significa em Chinês velho Mestre) terá escrito o Tao Te King (o Livro da Via e da Virtude) em cerca do ano VI a.C, e é considerada a mais antiga obra de cunho filosófico escrita na China. Mao Zedong destruiu grande parte desta sabedoria que permeava o tecido social chinês, e as consequências das aventuras revolucionárias encetadas por ele começam a estar à vista (vide artigo publicado neste Blog), embora concerteza houvesse que lutar pela dignidade do povo chinês. Este aspecto é nuclear: como modificar as condições de vida de um povo sem passar pela roleta russa das ditas revoluções? É que numa revolução todo o tipo de chico-espertismo leva ao poder toda a espécie de bandidagem, defraudando-se o espírito da própria revolução e nós sabemos do que falamos, pois passámos pela "Revolução dos Cravos" e sem saber como estamos, transportados por uma insidiosa Time-Machine encontramo-nos de novo em finais de 1939...
Pois o que Lao Tse diz, e deve servir de conselho para os gestores (que para nossa infelicidade nada intuiem dos pérfidos desígnios de forças superiores) é o seguinte:
"Poderá a tua alma abarcar a unidade
sem nunca se desprender
Poderás concentrar a tua respiração
até chegares à leveza de um recém-nascido?
Poderás purificar a tua visão original
até a tornar imaculada?
Poderás amar o povo e governar o estado pelo não-agir?
Poderás abrir e fechar os celestes batentes
desempenhando o papel feminino?
Poderás tudo ver e tudo conhecer
sem usar a inteligência?
Produzir e fazer crescer,
produzir sem se apropriar,
agir sem nada esperar,
guiar sem constranger,
é a virtude suprema."
Poderemos esperar isto do Estado, governantes e gestores?
[Esta é a tradução do Chinês publicada pela Editorial Estampa, 1989]
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