domingo, 24 de junho de 2012

Maria da Fonte e o Papel Revolucionário da Mulher Portuguesa

Pouco se fala da Maria da Fonte e do papel revolucionário que o povo desempenhou no séc. XIX em Portugal.

Viva a Maria da Fonte
A cavalo e sem cair
Com a corneta na boca
A tocar a reunir

Eia avante, portugueses
Eia avante, não temer
Pela santa liberdade
Triunfar ou perecer!(refrão)

Lá raiou a liberdade
Que a nação há-de aditar
Glória ao Minho, que primeiro
O seu grito fez soar!

Essa mulher lá do Minho
Que da foice fez espada
Há-de ter na lusa história
Uma página dourada!
Hino da Maria da Fonte












O Hino da Maria da Fonte é hoje sempre tocado em jeito de saudação frente aos ministros portugueses. O Hino Nacional é a saudação para o Presidente da República.



O episódio da história portuguesa que foi protagonizado pelo povo e pelas mulheres deste país é pouco ou nada comentado, discutido, vendo-se nele elementos muito semelhantes à da realidade actual, e por isso deveria ser mais ponderado.

Na base da revolução da Maria da Fonte esta também o IMI da época, convém lembrar. Basta ler este artigo da WIKI.

Pela sua importância, trasncrevo aqui um excerto do artigo da Wikipedia:

Esse carácter popular do movimento da Maria da Fonte é atestado pelo principal visado, Costa Cabral, que a 20 de Abril de 1846, no auge da revolta, proferiu na Câmara dos Deputados uma intervenção onde, apesar de afirmar que 'há uma conspiração permanente contra as instituições actuais, contra a ordem estabelecida, e mãos ocultas que manejam estas conspirações', reconhece que a sublevação em curso no Minho é uma revolução diferente de todas as outras, que até hoje têm aparecido, porque todas as outras revoluções têm tido por bandeira um princípio político, mais ou menos, mas esta revolução é feita por homens de saco ao ombro e de foice roçadora na mão, para destruir fazendas, assassinar, incendiar a propriedade, roubar os habitantes das terras que percorrem e lançar fogo aos cartórios, reduzindo a cinzas os arquivos!. E Costa Cabral continua, reconhecendo que é um revolta sem chefe, na qual pontifica a mais ínfima classe da sociedade, executada por um bando de duas mil e quatrocentas a três mil pessoas, armadas com foices roçadoras, alavancas, chuços, espingardas, com tudo quanto eles podem apanhar.
Era pois o povo que estava em armas, na verdadeira acepção daquelas palavras. Contudo, rapidamente, a revolta popular foi cavalgada pelos movimentos políticos organizados e a ela se associaram todas as forças anti-cartistas e, por uma vez, convergiram numa luta comum todas as forças mais radicais do espectro político, incluindo obviamente a miguelista. Pretendiam o derrube dos Cabrais e mesmo o da Rainha, mas muitos, ainda que sem o afirmarem com clareza, pretendiam também o fim do regime liberal.
Pois é, era o povo a defender os seus interesses, tal como já o fizera na primeira revolução europeia, na Crise de 1385...A fome era tanta...que se lançou o país à descoberta do mundo. E agora? O que fazer? Nova revolução, parece-me...

AZ

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