segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Os silêncios-texto de J. Nunes de Almeida

[Corre nas redes sociais. AZ]
Assunto: Os silêncios
> Um dia bateram-me à porta e anunciaram-me que o governo tinha decidido
> cortar-me meio subsí dio de Natal. Apesar de inconstitucional, compreendi o
> sacrifício que o Governo me pedia.
>
> Noutro dia bateram à porta do meu pai e anunciaram-lhe que iam cortar meia
> pensão do Natal. Apesar de considerar que era um roubo, ainda admiti, porque
> o pais estava em estado de emergência.
>
> Depois bateram-me à porta e anunciaram que me iam tirar dois meses de
> salário e dois meses de pensão ao meu pai. Depois da estupefacção,
> resignação.
>
> A 7 de Setembro, bateram-me à porta para me anunciar que tiravam 7% do
> salário para dar 5,75% ao patrão e ficavam com os trocos, em principio para
> os cofres da Segurança Social.
>
> Desta vez fiquei indignado. Achei que estava a ser roubado e que estavam a
> transformar os patrões em receptadores do dinheiro roubado.
> Em reacção, corri para a rua para protestar.
>
> Bateram-me mais uma vez à porta e informaram-me de que o ministro das
> finanças ia reescalonar as taxas de IRS, de modo a torna-lo mais
> progressivo.
>
> Imaginando que iam poupar os rendimentos mais baixos e taxar fortemente os
> mais altos, pensei que o Governo, finalmente, voltava ao trilho da lei.
>
> Mas para surpresa minha, voltaram a bater-me à porta para me ameaçarem com
> aumentos brutais no IMI. A minha indignação transformou-se em ira e
> juntei-me ao movimento nacional de resistentes ao pagamento do IMI.
>
> Ainda mal refeito do choque do IMI, bateram-me novamente à porta para me
> mostrarem nos jornais, em grandes parangonas e cinco colunas, os novos
> escalões de IRS. Afinal aumentaram as taxas dos rendimentos mais baixos,
> menos os dos mais altos e não criaram nenhum escalão para os mais ricos. E a
> progressividade do rei dos impostos diminuiu. A minha raiva subiu de tom e
> resolvi não mais voltar a votar estou preparado para qualquer acção
> revolucionária que apareça. Ao fim e ao cabo eu o meu pai e a minha família
> já não temos nada a perder.
>
> (J. Nunes de Almeida, Ericeira)
> Também Martin Luther King (1929.1968):
>
> O que mais me preocupa não é o grito dos violentos, dos corruptos, dos
> desonestos, dos sem carácter, dos sem ética. O que mais me preocupa é o
> silêncio dos bons.

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