segunda-feira, 9 de maio de 2011

Claro que Diogo Leite Campos não é aldrabão

*Ainda não está no governo ...*

O senhor Diogo Leite Campos quer acabar com os subsídios - subsídio de renda
ou abono de família - sem saber onde realmente gastam os beneficiários o
dinheiro. Não deixa de ser um raciocínio económico estranho, já que a
despesa - os filhos ou a casa - estão lá. Para resolver o problema, quer
fazer como se faz com os mendigos: dá-se-lhes uma sandes em vez do dinheiro.
Através de um cartão de débito e recorrendo a instituições de caridade, como
"albergues" ou a "sopa dos pobres". A leitura de Oliver Twist, de Charles
Dickens, pode ajudar a perceber o modelo social de Leite Campo.



Num excelente almoço organizado pela Câmara do Comércio e Indústria Luso
Francesa, onde perorou sobre a pobreza, Leite Campos explicou que "quem
recebe os benefícios sociais são os mais espertos e os aldrabões e não quem
mais precisa".



Seria impensável eu dizer que o senhor Leite Campos é um "aldrabão". Longe
de mim pôr em causa a honorabilidade de tão distinta figura. Os insultos, já
se sabe, são coisa que deixamos para os miseráveis. O direito ao bom nome
vem com o cartão de crédito e quem não o traz na carteira só pode deixar de
ser suspeito se lhe derem um cartão de débito. Os pobres são, até prova em
contrário, mentirosos. Como não insulto o senhor, fica apenas este facto:
estando ainda a trabalhar, já recebe uma reforma do Banco de Portugal.
Quando se retirar da Universidade de Coimbra, juntará o que recebe já hoje
ao que receberá dali. Acumulará duas reformas vindas do Estado.



Seria um argumento "ad hominem" atacar o professor Leite Campos, competente
fiscalista, por causa das suas duas reformas. Dizer que ele é "esperto" e
que gasta recursos do Estado que podiam ir "para quem mais precisa".
Espertos são os pobres que ficam com os trocos. Quem consegue acumular
reformas por pouco trabalho é inteligente. Os pobres enganam o Estado, os
outros têm direitos. Os pobres roubam o contribuinte, os outros têm
carreiras. Fico-me por isso pelos factos: a reforma que o senhor Leite
Campos recebe do Banco de Portugal resulta de apenas seis anos de trabalho
naquela instituição.



Cheira-me que se a generalidade dos portugueses recebesse reformas, estando
ainda no ativo, por seis anos de trabalho e as pudesse acumular com outras
dispensaria bem o abono de família e até o cartão de débito para ir à sopa
dos pobres.



Aquilo que realmente está esgotar o crédito da minha paciência é ver tanto
"esperto" que vive pendurado nas mordomias do Estado a dar lições de ética
aos "aldrabões" que recebem subsídios miseráveis. É mais ou menos como dizia
o outro. Já chega. Não gosto de tanto cinismo. É uma coisa que me chateia,
pá.



Sobre os subsídios, Leite Campos disse: "O dinheiro não é do Estado, é
nosso. Quem paga somos nós. Nós, contribuintes, temos direito a ter a
certeza que o nosso dinheiro é bem entregue. Eu estou disposto a pagar 95
por cento do que ganho para subvencionar os outros, mas quero ter a certeza
que é bem empregue, e que não vai parar ao bolso de aldrabões". Sobre as
escandalosas reformas do Banco de Portugal, faço minhas as palavras do
vice-presidente do PSD

Sem comentários:

Enviar um comentário