Carta Registada
com Aviso de Recepção
SENHOR PRIMEIRO
MINISTRO
Sou prático e pretendo ser
sucinto, como tal, vou directo ao que me move.
Tomo esta iniciativa, imbuído de
uma profunda tristeza e corrompido por uma revolta sem controlo que só a muito custo,
tento dominar.
Tenho 59 anos, uma vida
preenchida de sofrimento e vivências que me obrigam a denunciar a pouca
vergonha que reina neste país.
Quero desde já dizer-lhe que o
senhor não me desiludiu politicamente porque sou apolítico e apartidário.
Por isso, políticos, ou seja,
malabaristas da política, chamo malabaristas para não chamar aldrabões da
política e partidos políticos, não me desiludem.
A única vez que votei na minha
vida foi na 1ª candidatura do Exmº Senhor General Ramalho Eanes que foi meu
CHEFE e com muito orgulho, é meu Superior Hierárquico e na História do 25 de
Abril foi, em minha opinião, o único Comandante Supremo das Forças Armadas, por
inerência de funções e por direito de posto e Conduta Ética.
Desde há largos anos a esta parte
que vejo a minha PÁTRIA, por quem jurei fazer sacrifícios e dar a minha vida,
como o fizeram o Senhor meu Pai, que verteu sangue por ELA, assim como vários
Familiares e Amigos, culminando num primo que lhe ofereceu o melhor que tem um
Ser Humano:- A VIDA.
E o que temos hoje?
Um país hipotecado, sem lei, sem
justiça e paulatinamente alienado a preço irrisório.
Assiste-se a um festival de
propagandas eleitorais, promovido por aldrabões e gente sem vergonha, sem
decoro, sem ética e sem respeito pelo semelhante, principalmente pelos idosos e
crianças.
Já não falo na Instituição
Militar, que não me espanta estar queda e muda, pois os respectivos chefes
perdem toda a legitimidade ao
permitirem-se ser nomeados por uns quaisquer políticos, em vez de serem
eleitos pelos seus subordinados, no seio da Família Castrense.
Assim, sou daqueles que por questão
de Ética, se recusam a rever-se nestes chefes assim nomeados.
Respeito-os hierarquicamente,
pois os Regulamentos assim me obrigam, e, nada mais.
De facto, a minha PÁTRIA,
transformou-se neste país de vilãos e aldrabões políticos em que o senhor é um
deles.
Quer desmentir-me?
Pode perfeitamente insistir nesse
teatro mas tenho boa memória e sou inteligente.
Recordo-me de alguns debates
políticos em que o senhor foi protagonista, e lembro-me de promessas que não só
não cumpriu, como atraiçoou.
Lembro-me perfeitamente de ter
chamado várias vezes, mentiroso, ao senhor Sócrates.
Por acaso, já fez um exame de
consciência, se é que a tem!?!
Se o fez, pode facilmente
perceber que o adjectivo que usou para definir o senhor Sócrates, é demasiado
lisonjeiro para o catalogar a si.
Sabe? Na Ética Militar diz-se que
“ a consciência é o nosso melhor juiz, enquanto não a assassinarmos”.
O senhor já assassinou a sua com
a avalanche de mentiras com que tem presenteado o Povo Português.
Outra afirmação sua que retenho
na memória é de que o senhor disse aos Portugueses, ser “o candidato mais
africano”.
Penso que se referia ao facto de
ter casado com uma Senhora Africana!?!
Pois bem, sou Transmontano de
nascimento e Africano de crescimento.
Nasci com os géneses da coragem,
da lealdade, da verdade, do respeito, da honra e da solidariedade.
Foram estes valores morais que
aprimorei e interiorizei no meu crescimento Africano.
Posso absolutamente garantir-lhe
que se o senhor dissesse na Guiné, metade das mentiras que tem dito neste país,
já lhe tinham cortado o pescoço.
Na Guiné, tuga mintroso, cá tá
lebsi ginte garande.
Na Guiné, tuga mintroso, cá tem
falta di respito pa home e minher garande, nim minino qui cá tene maldade na
coraçon.
Pois é meu caro senhor, se não
souber traduzir as frases atrás escritas, peça à sua Excelentíssima Senhora
Esposa que lhe faça esse favor, e desde já, se me permite, com todo o respeito
lhe endereço “mantenhas” e tudo “nha respito” e “consideraçon”.
Já agora, aproveite a
oportunidade para ler, estudar e meditar um pouco sobre a personalidade chamada
Amílcar Cabral, para perceber o que é um HOMEM que nasceu para ser Líder, para
libertar o seu POVO e não para o espezinhar e vender a uma qualquer Troika como
o senhor e todos os políticos sem vergonha que o antecederam, fizeram e fazem.
Mas se o incomoda aprender com um
Líder Africano, recorra à história do Senhor Sá Carneiro que de certeza está
incomodadíssimo onde quer que Deus o guarde, por ver homens sem palavra a
fazerem parte de um partido a quem deu credibilidade e o senhor, bem como
outros como o senhor, denigrem e maculam.
Senhor Pedro Passos Coelho, saiba
que tal como o senhor rasgou as páginas da Constituição que contêm os artigos
que o obrigam a cumprir os seus deveres de pagamento dos salários, pensões e
subsídios, também eu me recuso a cumprir os artigos dessa mesma Constituição
que me possam obrigar a reconhecê-lo como meu 1º ministro.
Jurei cumprir e fazer cumprir uma
Constituição que obriga os políticos, as F.A. e as Forças de Segurança, a serem
o garante da defesa da Pátria e do seu Povo.
Não cumpro nem defendo, uma
Constituição adulterada por si e por uma justiça que fecha os olhos a toda esta
vilanice.
Muito teria para lhe dizer mas,
prometi ser sucinto.
É muito mais demolidor o
sentimento de raiva, de revolta de indignação, do que tudo o que escrevi.
Para que não fique com a ideia
que me acobardo atrás de um qualquer anonimato, quero dizer-lhe que me chamo
José António Neves Rodrigues e que sou com muito orgulho, ética e muita honra,
Sargento do Exército Português e ao serviço de um POVO e de uma PÁTRIA que se
chama PORTUGAL.
Lisboa, 11 de Fevereiro de 2013
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